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14/11/2008 19h18
ATÉ A ROSA ADORMECIDA DA METÁFORA COM YOSSEF RZOUGA
ATÉ A ROSA ADORMECIDA DA METÁFORA
Youssef Rzouga
Dá-me-me a tua mão
é exatamente o quero
tu sabes o quanto
te quero
mas se te fazes escusa
de uma maneira
ou de outra
não te quero mais
Diga-me se é possível
apagar tudo
e começar do zero
convencer o vampiro
a fazer o impossível
para tornar-se belo
como um sol
lançar um desejo atroz
ao espaço
e colher estrelas e flores
ao largo do rio
Diga-me se é possível
jogar-se num mar escuro
e nadando escrever como um peixe
rebelde
cheio de emoção
como um arco-íris
que se expande pelo universo
inteiro
Diga-me se é possível
reciclar os resíduos
das grandes cidades
e injetar a essência
do jasmim em um
mapa fosforescente
Diga-me se é possível
partir uma maçã
pela metade
se é possível
falar mais forte
contar tudo com
mais detalhes
Se é possível
filtrar a rua
e reunir todas
as pessoas numa
praça de bondade
Dá-me a tua mão
é hora de correr
até a rosa adormecida
da metáfora
tradução/espanhol/lilian reinhardt
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cordasensivel.blogspot.com
Publicado por Lilian Reinhardt em 14/11/2008 às 19h18
16/08/2008 19h36
SALGANTE
SALGANTE
(líricas de um evangelho insano)
Pode ser qualquer texto,
talvez este, o mais exposto,
o menos guardado, este amarrotado,
sem sentinela na torre, bolinha de papel
quase afundado na lixeira de costume,
nada de códigos,
tudo se remumifica
sob o verbo selado,
um cheiro ocre de cebolas
e continentes,
um bálsamo de cedro, uma
coifa guardando a fumaça,
tudo a céu aberto, no rendilhado.
Tudo pode ser um grito perdido,
um grito ouvido, um verbo salgado
sob 0 galho de uma árvore,
o peso e a leveza
do estalido no copo, no corpo,
do gemido fervido
da chaleira anunciando,
o toque da campainha,
o cincerro da ovelha,
o opúsculo dos cães,
a pastoral do amanhecer.
Qualquer texto escreve-se
sem iniciais em pré-texto,
sem recontagens de tempo,
desde que me ouças!
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Publicado por Lilian Reinhardt em 16/08/2008 às 19h36

28/06/2008 23h07
SÓ A ROSA É ROSA E MAIS ROSA
SÓ A ROSA É ROSA E MAIS ROSA
"...há que fazer calar-se os cães enquanto florescem
os roseirais..." (Youssef Rzouga)
(líricas de um evangelho insano)
...Intertexto com o poema LA LENGUA DE EINSTEIN do poeta
YOUSSEF RZOUGA, de Túnez (Tunísia)
"....otra guerra empleza bárbaramente
comienza el espectáculo:
um poema de casco verde hace strip-tease
jugando al cometa
y sacando la lengua de Einstein
entre poema completamente desnudo
y espectadores
hay roces
es otra vida posible
en esta aldea global
pero me da miedo en la capa de ozono
"colorin colorado...
este poema se ha acabado.."
Esse poema desnudo
caminha nú atrás de mim
e dentro de mim
me caminha esse poema
com sua nudez!
Neste céu de inverno
de roseirais rosal do meu sangue,
grunhe com seus estalidos
de fogo nú
a pira ancestral
da minha aldeia,
esse grunhido escreve
no crepitar das chamas,
o espetáculo da guerra
dessa escrita, do duelo
dessas horas frias, malditas,
enquanto esse poema
me caminha nú,
e lambe o meu corpo
com sua língua primitiva,
te escreve sobre os meus charcos
de crocodilos
e se guarda em senhas
por entre os ovos
das minhas tarturgas,
e os seus refundos rastros
mancham sobre as águas de rosa,
os passos desse meu sol
de sangue, que não pode derreter
com seu manto róseo
os meus pulmões sem o véu de ozônio.
Meus ombros gaia
não podem ficar desnudos!
Grito, grito entre os escombros
dessa língua de Einstein,
grito pela fecundação
da poeira cósmica
dos meus sonhos!!!
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Publicado por Lilian Reinhardt em 28/06/2008 às 23h07
19/06/2008 10h21
100PALAVRAS COM GUIMARÃES ROSA!!!)))
100 PALAVRAS COM GUIMARÃES ROSA!!!)))
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Publicado por Lilian Reinhardt em 19/06/2008 às 10h21

18/06/2008 09h58
DEPOIMENTO PESSOAL (11)
DEPOIMENTO PESSOAL (11)
(memoriais de Sofia (zocha))
À minha frente o escrivão no computador:
- A senhora pode sentar-se aqui...por favor?! Arredam-se cadeiras, olho no rosto encovado do menino de vinte e poucos anos, com barba mal feita, cachecol branco torneando o pescoço, lábios partidos e amarelecidos de frio e nicotina.
- Qual o seu nome?! me pergunta seco.
- Fixo-lhe os olhos, sei que ele não me vê, nem eu o vejo... Ah...meu nome? Qual seria mesmo o meu nome? Sinto os pés gelados, a redoma inteira do meu corpo transpira o gélido tormento frio da angústia. Lembro-me de Kafka.
- Seu nome senhora?! Sua carteira de Identidade, por favor?
Reviro a bolsa, reviro...reviro tudo com meu olhar. A sala branca, gélida...uma figura escura debruçada sobre um grosso volume de versos no centro da mesa num patamar maior parece ser profundamente distância nessa câmara. Difícil achar a identidade...não acho...reviro...reviro meu olhar...onde estaria eu dentro da minha bolsa...e não me encontro...não me encontro!!!
E qual seria o meu nome mesmo?! Sinto uma liquidez calcinante de placentas lamber-me da cabeça aos pés e um esquizofrenico torpor de uvas incestas na boca, mas,se não estou dentro daquela bolsa, nesta sou e estou só com alguns pertences que não me pertencem, arrendos, tudo arrendado...semoventes como eu, camelo, peixes, agulha, pedra, fósseis, memórias, verbos...viu?! E, o meu nome...ah...um momento!
- Chamo-me Dor...já lhe passo a identidade!
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Publicado por Lilian Reinhardt em 18/06/2008 às 09h58
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