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imagem: Nikolai Gogol www.thousands.com
UM GOGÓLICO DESTEMPO COM
ZAVADSKI
"executo meus versos na flauta das minhas vértebras " (Maiakóviski)
Memoriais de Sofia (zocha)))
Ele era destempo, destemperado e gogólico, empunhava a batuta, era pesado, monódico, monolítico, pisava firme, afundava o chão e parecia um engolidor de almas. Ele era um destempo impróprio aos desatinos dos paradoxos das carnaduras, chegava sempre pelo longo corredor da caverna e por aquela goela de turbilhonante ansiedade dizia: - A profanação retempera os desejos, recompõe heresias, é preciso reconfrontar texturas, libertar-se do caminho original, do caminho paternal, os animais nas passagens quebram as bilhas na busca pela água e comida. Na opressão da caminhada, no pastoreio, rompem volteios, fogem de velhos comboios que encontram ao acaso nas estradas, escapam das similares prosas do mundo. Puxa a corda umbilical do pião - completava, fugaz é o gozo da humana condição. E arrematava o verso em silêncio, sem leilão: - O homem é um forjador de linguagens e no remoinho da história o lugar é de combates. Avante animais, para o abate! No profundo mais fundo, talvez, o verbo, esse sôpro de ruídos profanadores, seja apenas um tempo de conjugação de incompletudes, do grunhido das coisas, um tempo de recrias, da palavra sempre grávida e do animal grávido, uma alquímica forragem!...
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Lilian Reinhardt
Enviado por Lilian Reinhardt em 12/05/2008
Alterado em 02/06/2008
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