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EU DISSE DE MANHÃS
Eu disse de outros caminhos do jardim,
eu disse o que ontem não escrevi,
mas, deixei escrito lá sobre a
imprecisão do ossário da lousa.
Eu disse que da lavra do arco-íris
sangram furnas de pólens,
chafurdam rosais negros,
bocados de palhas, riscos de calhas,
e um vago rumor de cordas,
de sobrevivências, de víveres,
entre escorioses e pruridas ilhas...
eu disse que há guardado no caminho do agora,
uma eternidade de pássaros,
para em te bebendo no aguadouro de sal,
te cinzelar dentro do cal da retina
dos meus olhos, indefinidamente...
e assim como disse, esqueci de dizer
sobre os canteiros
e acabei por recortar picotes dos tinteiros
e tenho que redizer do sêmen do absoluto inominado,
aquele que atravessa o vento parado, os Zéfiros de campos minados,
e como dizem as línguas das manhãs em hortelã, em pó e Zeus...
antes que a lâmina do sol se ponha,
bebe-te o líquen, óh vida, no obituário, do teu veneno!...
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