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A poesia dói machuca
é sempre uma ferida aberta
girassóis de fogo queimam
arde -me o inferno da limitação
na deambulante caminhada
sinto- me um seixo perdido
exangue rolando ao vento
minhas entranhas se revolvem
a dor não é girassol
o folego afunda na carne
efemera deste tempo que consome
o véu envolve as cinzas das minhas feras
dilato a alma dos meus erraticos sentidos sonhadores inventores suspirantes e vorazes na escuridão
então me afogo no fosso azul
fragil ignota temperando sonhos de amor como os de Alice
prisioneira de insanidades
enquanto a voz sangra neste deserto sem acasos
de escritas que não sei decifrar
embriagada dos meus louvores
tomo mais um gole de vento
Sim sim cadáver não faz poesia
corre atrás de montanhas azuis de cada dia pra fugir
desta saga insaciavel
que é viver